Além da zona de conforto: Uma história sobre crescimento pessoal e coragem

De assistente a líder: Encontrando um propósito na conformidade

 A carreira de Maritsa não foi entregue a ela – foi construída passo a passo. Ela se formou em administração de empresas e depois fez pós-graduação em Ciência de Dados, Machine Learning e compliance. Mas no Brasil, no início dos anos 2000, o cenário profissional era outro, especialmente para as mulheres.

“Naquela época, a maioria das mulheres não começava em cargos de liderança, independentemente de sua formação. Muitas começavam como assistentes ou secretárias, não por falta de qualificação, mas porque esse era o único ponto de entrada. A verdadeira diferença era o que se fazia a partir daí.”

E Maritsa fez muito.

Ingressou na RIP Serviços Industriais em 2000 como Assistente da Diretoria, apoiando a gerência com planejamento estratégico, eventos e desenvolvimento corporativo. Suas responsabilidades logo se expandiram para além das tarefas administrativas típicas: ela organizou feiras internacionais, coordenou grandes eventos e auxiliou em reuniões de negócios que moldaram o futuro da empresa.

A partir daí, ela se concentrou no campo emergente do Compliance – um ajuste natural para suas habilidades analíticas e senso de integridade profundamente enraizado.

“Meu objetivo sempre foi fazer com que as pessoas entendessem que fazer a coisa certa não significa ser monitorado. Tem a ver com valores.”

Sua abordagem foi transformando a visão do Compliance em uma mentalidade de toda a empresa. Por meio de treinamento, campanhas internas e diálogo aberto, ela incentivou as equipes a verem a integridade como uma parte essencial da cultura. Seu compromisso foi notado e, quando surgiu a oportunidade de liderar o Departamento de Compliance na RIP, ela a aceitou, por mais desafiador que fosse.

A decisão de se mudar: avaliando os riscos

Quando Maritsa recebeu a oferta para se tornar Gerente Regional de Compliance da KAEFER no Oriente Médio – com sede em Abu Dhabi – ela não aceitou simplesmente. Ela buscou conselhos de mentores, familiares e amigos. Ela ponderou as exigências da função em relação aos sacrifícios pessoais. Mais importante ainda, ela sabia que isso significaria ficar longe de sua filha.

Mas ela também viu uma oportunidade de dar o exemplo – para sua filha, para seus colegas e para si mesma:

“Independentemente do gênero, da formação cultural ou de onde viemos, podemos assumir novos desafios, enfrentar o desconhecido e ter sucesso.”

Adaptação a um novo mundo

Poucos dias depois de chegar a Abu Dhabi, Maritsa enfrentou seu primeiro teste: o calor sufocante de 52°C. O clima era diferente, a comida não era familiar e até mesmo as tarefas diárias, como renovar a carteira de motorista, tornaram-se pequenos desafios. O mais importante é que a cultura de trabalho tinha nuances que exigiam paciência e compreensão.

“O que funcionava no Brasil nem sempre funcionava aqui. Tive que ouvir, aprender e respeitar as diferenças.”

Ela começou observando e fazendo perguntas, deixando claro para sua nova equipe que estava ali tanto para aprender quanto para liderar. Ao adaptar seu estilo em vez de impô-lo, Maritsa construiu confiança e encontrou pontos em comum, garantindo que os princípios de Compliance continuassem sendo uma prioridade compartilhada.

Enfrentar a dúvida e ir fundo

É claro que o medo não desaparece no momento em que você entra em um avião. Duas semanas antes da mudança, Maritsa estava questionando tudo. Será que ela seria capaz de lidar com a distância? Será que ela se desenvolveria em um ambiente diferente?

Mas ela vinha treinando a resistência mental durante toda a sua vida, tanto em sua carreira quanto como uma dedicada corredora de maratona:

“As maratonas me ensinaram que, com disciplina, planejamento e determinação, posso superar qualquer obstáculo, um passo de cada vez.”

Ela se baseou nessa disciplina, desenvolvendo novas rotinas e mantendo contato com a família por meio de telefonemas e mensagens. Pouco a pouco, o que parecia estranho começou a se parecer com um lar.

Reflexões aos seis meses

Agora, passados mais de seis meses de sua experiência no Oriente Médio, Maritsa pode ver o quanto cresceu, tanto profissional quanto pessoalmente. Ela ainda está aprendendo todos os dias, ainda está construindo relacionamentos e ainda está encontrando maneiras de manter seus laços familiares à distância.

Seu conselho para qualquer pessoa que esteja enfrentando uma grande mudança!

– Prepare-se completamente: Faça sua pesquisa, converse com pessoas que já passaram por isso e faça um plano realista.
– Abrace o desconhecido: O crescimento raramente vem sem desconforto. Incline-se para ele em vez de fugir.
– Mantenha-se fiel aos seus valores: Seja no universo corporativo ou na vida cotidiana, a integridade não é negociável.
– Não pense demais em suas ações: Esperar até se sentir “pronto” pode significar nunca começar. Às vezes, você simplesmente precisa ir.

Uma observação para quem estiver em dúvida

A história de Maritsa é um testemunho do que acontece quando a preparação encontra a paixão e a coragem. Ao permanecer fiel aos seus valores e manter a mente aberta, todo desconhecido pode se tornar uma oportunidade. Tudo começa dizendo “sim”, mesmo quando sua zona de conforto diga “talvez não”.

Esperamos que a história de Maritsa o inspire a dar seus próprios passos ousados. Sinta-se à vontade para compartilhar suas ideias ou experiências sobre como mergulhar de cabeça – onde quer que esse mergulho o leve.