Imagine tentar consertar seu forno enquanto ele ainda está quente o suficiente para assar uma pizza. Agora multiplique esse calor por cerca de 10 vezes mais e você terá uma ideia do que nossas equipes enfrentam ao realizar reparos a quente em fornos de coque no Brasil. Esse trabalho desafiador e essencial é fundamental para prolongar a vida útil da infraestrutura industrial e contribuir para a continuidade do fluxo da produção de aço.
O papel das usinas de coque mudou significativamente nos últimos anos. Na Europa, muitas usinas reduziram a produção ou fecharam devido à consolidação do setor, a regulamentações ambientais mais rígidas e à melhoria da eficiência da produção, deixando o setor siderúrgico cada vez mais dependente de importações. Em contraste, as usinas de coque do Brasil são vitais para apoiar o grande setor siderúrgico do país, que depende muito de um suprimento constante de coque para a produção.
Uma bateria de forno de coque bem conservada pode durar de 35 a 50 anos, mas a manutenção regular é essencial para alcançar essa longevidade, melhorar a eficiência energética e reduzir o impacto ambiental. A manutenção deve começar assim que a bateria iniciar a sua operação. Após um período de operação, são necessários reparos específicos no refratário, na estrutura metálica e nas máquinas móveis para atender às normas ambientais e melhorar o desempenho operacional. O reparo a quente é uma técnica de manutenção especializada usada em plantas de coque para corrigir danos sem desligar completamente o equipamento. Esse processo tem vários benefícios importantes:
- Minimiza o tempo de inatividade da produção, com o reparo realizado em blocos;
- Reduz o estresse térmico nos fornos;
- Economiza energia ao evitar ciclos completos de resfriamento e reaquecimento.
Os problemas mais comuns tratados pelos reparos a quente incluem rachaduras em paredes refratárias, portas e estruturas de fornos danificadas, regeneradores e toda a estrutura metálica.
Nossa experiência local no Brasil

Lucas Wruck
Nossas equipes da RIP Serviços Industriais no Brasil têm estado na vanguarda da tecnologia de reparo a quente nos últimos 22 anos, trabalhando em algumas das maiores plantas de coque do país. Atualmente, temos mais de 1.500 funcionários ativamente envolvidos no reparo e na manutenção de plantas de coque – temos até nossa própria escola de treinamento. Lucas Wruck, Gerente de Filial no Espírito Santo, compartilha a importância desse trabalho: “O que mais gosto em meu trabalho são os desafios diários que tornam cada etapa única. O trabalho artesanal envolvido é algo que nenhuma máquina pode reproduzir, e é essa precisão que faz toda a diferença. Também gosto muito de trabalhar com as pessoas, superar desafios juntos e treinar novos funcionários. Cada hora conta, portanto, o planejamento tem que ser perfeito. Essa dinâmica torna meu trabalho desafiador.”
Os colegas envolvidos no reparo a quente, especialmente os pedreiros, demonstram uma dedicação incrível ao seu ofício. Não se trata apenas de trabalho mecânico – é uma forma de arte, garantir medidas e requisitos milimétricos. Trabalhando em condições extremas, esses “artesãos” habilidosos levam um alto nível de especialização a cada reparo, prolongando a vida útil dos fornos de coque e, ao mesmo tempo, garantindo que a segurança seja primordial. Como explica Lucas, a complexidade dos reparos a quente exige uma metodologia precisa, pois os fornos adjacentes permanecem operacionais durante todo o processo. Como costumamos dizer por aqui, esse tipo de trabalho é como “trocar os pneus com o carro em movimento.”
Lucas relembra dois de seus projetos mais significativos: “Sem dúvida, o projeto mais especial e desafiador foi o meu primeiro na CSN, onde tive que aprender rapidamente a metodologia de trabalho. Lá, adquiri muito conhecimento com colegas experientes. Mas o meu maior projeto é aquele em que estou trabalhando atualmente na ArcelorMittal Tubarão, no Espírito Santo. Esse projeto se destaca por sua velocidade e pelos benefícios ambientais que trouxe para a comunidade local, algo de que me orgulho muito como morador desse estado.”
Saúde e segurança no centro
Devido às condições extremas de trabalho e aos riscos operacionais, medidas especiais de segurança são essenciais para reparos a quente em plantas de coque. Os desafios de trabalhar dentro de intervalos operacionais, em um ambiente em que as paredes adjacentes estão a 950°C, combinados com as pressões das operações do cliente e da força de trabalho dinâmica, acrescentam níveis de complexidade a qualquer projeto. Esse trabalho fisicamente exigente requer não apenas uma coordenação precisa de pessoas e equipamentos, mas também uma forte cultura de segurança para evitar danos e proteger os trabalhadores. O monitoramento contínuo da temperatura, o uso de materiais resistentes ao calor e equipamentos avançados de proteção individual, como sistemas de resfriamento, roupas resistentes ao calor, detectores e máscaras contra gases, são essenciais.
A integridade estrutural é mantida por meio de um planejamento meticuloso dos sistemas de suporte e dos procedimentos de demolição controlada. Ao aprimorar continuamente os procedimentos de segurança e ouvir as necessidades de nossos funcionários, garantimos alto desempenho em condições desafiadoras. Essa abordagem abrangente de segurança, combinada com a experiência e a dedicação de nossas equipes, nos permite realizar com sucesso esses exigentes projetos de reparo a quente.
Adaptação a um setor em constante mudança
Olhando para o futuro, Lucas enfatiza a importância do trabalho de manutenção para sustentar as operações nas próximas décadas: “Especialmente aqui no Brasil, onde baterias de fornos de coque relativamente novas permanecerão em uso por muitos anos, a manutenção será essencial enquanto essas plantas operarem. Os reparos a quente evoluirão com os avanços tecnológicos, especialmente em equipamentos de segurança, enquanto a sustentabilidade e os padrões ambientais mais rígidos impulsionarão mais adaptações no setor de manutenção.”

Os desafios ambientais também serão um foco importante para nossos clientes no futuro. Lucas explica: “Nossos clientes enfrentarão pressões ambientais cada vez maiores nos próximos anos, o que exigirá manutenção e reparos mais frequentes para atender às normas regulatórias. Além disso, as pressões econômicas, especialmente a concorrência da China, criarão incertezas e pressionarão o setor a permanecer ágil e eficiente.”
Dominando o calor, um reparo de cada vez
Portanto, da próxima vez que estiver assando uma pizza em casa, pare um momento para perceber que, embora o seu forno possa precisar apenas de uma limpeza rápida, os fornos de coque do Brasil dependem de equipes qualificadas que trabalham sob calor extremo para manter a produção de aço em andamento. Os desafios podem ser “quentes”, mas a dedicação e a engenhosidade por trás desses reparos garantem que a infraestrutura essencial da produção de aço continue a funcionar sem problemas. Esse é um trabalho que vai muito além de um rápido conserto!
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